domingo, 13 de novembro de 2011

 Sentado em sua sepultura, a chuva caindo em cima de mim escorrendo de meu rosto como se fossem as lágrimas que não consigo soltar. Ouço o sussurro das crianças que brincam na chuva... Eu as invejo, são tão cheias de vida, de sentimentos, de alegria... Elas não se preocupam se estou no meu imaginário, se estou triste ou se ao menos as quero perto de mim.

 Fecho os meus olhos na chuva, e ela começa a fazer parte de mim... Ela é meu sangue que escorre para todos os lados em cima do túmulo, ela é minha poesia toda borrada... Me dou conta de onde estou, e começo a correr... Sim, correr sem rumo, com uma violenta melodia na minha mente, a orquestra se ergue conforme corro entre as árvores pelo caminho de pedras brancas delimitando a grama. Me entreguei ao meu estado mais profundo de decadência e pior, me deixei abalar por isso. E continuo a correr, até chegar à minha torre.

 Todos sabem que sou Poeta, mas poucos acreditam que tenha tanta mágoa e nostalgia encravada em meu peito. Finjo que sou feliz, apenas para não me perguntarem a razão do meu pesar. Finjo ser eu, apenas para não questionarem a razão do meu ser. Sou solitário... Não porque fico na torre, mas por ser como sou: ser complexo, de sentimentos pesados e sonhos despedaçados. Isso é negativo, e o mundo não precisa de mais um.

 Gostaria poder dizer que algum dia, voltarei a ser completo, mas acho ser improvável, pois além da alma e de meu coração, agora a vida começa a qurer sair de mim.

3 comentários:

  1. Incrível! Adorei a postagem!
    E esses sentimentos tão intensos e tristes... tão inspiratórios e tão difíceis de aguentar...

    ResponderExcluir
  2. Triste, pesado, mas ainda assim, belo. Quem disse que não dá pra extrair poesia da dor? Seria interessante usar essa dor pra superá-la. E é o que procuro fazer todo o dia: me matar e renascer até que eu não tenha que morrer de novo.

    ResponderExcluir
  3. Agradeço aos comentários de vocês, e espero que continuem postando a opinião sobre os textos!

    Forte abraço.

    ResponderExcluir