sábado, 14 de abril de 2012

Algo entre o sonho e a realidade


Olhando para todos os lados, Sara estava confusa, ver todas aquelas flores, o cheiro de canela que invadia todo o ar, o quarto todo colorido.
-Isso é um sonho? – perguntou Sara.
-Não é um sono, mas é algo entre a realidade e um sonho, venha, levante se conseguir.
Ela se levantou da cama, então a linda jovem lhe deu um sorriso maquiavélico, olhando-a com olhar de soberba e disse:
-...isso não é um pesadelo comum!
Então tudo ficou preto, e Sara começou a cair, infinitamente, seu coração disparou, a escuridão era sufocante, nada de luz, era como Alice caindo pelo buraco do coelho. Logo, conforme caia, ela via reflexos de seu passado nas paredes, seu pai chorando, os momentos felizes com sua mãe, suas irmãs sentadas no gramado em um passeio até que então, uma voz como a de seu pai gritou enquanto ela caia:
- Diante de seus olhos o mundo mudará, lentamente o levará a lugares desconhecidos, bem vinda a um mundo que é somente seu, acorde se ousar e apenas me siga!
Quando Sara finalmente encontrou o chão, todo o cenário mudou, a lua muito linda estampada no céu, estrelas, no entanto, a sua situação não era a das melhores, ela estava em um milharal que a encobria na altura, e ela ouvia gritos e dizia repetidas vezes:
-Me deixe só, meus sonhos falam comigo enquanto eu ainda estou acordada? Sou uma ameaça para mim mesma, estou sendo refém da minha mente, me largue!
Sara se cansou de tanto correr, e se sentou diante de um espantalho, então o espantalho deu-lhe um chute na cabeça, e ela logo foi reconhecendo aquele rosto pálido e aquele cabelo loiro que já havia visto antes.
- Eu te enganei, no entanto você foi alertada! Não te deixarei ir antes que sonhes todos os seus sonhos, irei brincar com você, e sei que você quer isso, você pede pelo sonho perfeito, um sonho que você ainda não sonhou!
Sara, encarou-a fixamente nos olhos e gritou:
-Me deixe em paz! Eu sei que eu estou no controle, deixe-me viver minhas fantasias, me deixe!
-Já te disse que jamais te deixarei sair, quero te mostrar o que os sonhos são capazes de fazer por você, eles te libertarão, te abrirão portas e vão te mostrar aquilo que você realmente quer saber. Assim como alguns são obscuros, outros são límpidos, sonhos tem dois lados...
Sara sai correndo e viu uma porta, uma porta similar àquela que vira da ultima vez que vira seu pai. Ao abri-la deparou-se com uma cena que trouxe um sorriso em seu rosto, a mãe servindo um pedaço generoso de frango para papai, suas irmãs Sabrina e Samantha sentadas à mesa brincando com os espaguetes que dançavam enquanto eram sugados pelos seus lábios e seu pai acariciando o braço de sua mãe. Uma lágrima escorreu de seus olhos, até que sua mãe olhou para ela, e com uma voz sussurrante, disse:
-Medo, eu sou o seu medo mais profundo, encare o seu medo dentro deste sonho, pois somos o lado mais obscuro dentro de sua mente.
Sara se retraiu, ficou muito tensa, enquanto sua mãe com uma faca na mão cortava os próprios pulsos e ia atrás dela, então Sara se trancou na sala. Ali estava seu pai novamente, vendo a TV enquanto suas irmãs brincavam no tapete, entre a TV e uma mesinha de centro. O Sam e Sabrina correm e derrubam um vaso, e seu pai se levanta, irado, e começa a falar bravo com elas, retira a cinta, e as duas ficam encostadas no canto da parede, assustadas. Tudo para por ali, então o pai olha bem fundo nos olhos de Sara e diz:
-Dor, eu sou sua dor mais profunda, sinta toda a dor que você pode sentir dentro deste sonho, sinta, pois isso é uma parte de você.
Sara, sobe as escadas, e entra no seu quarto, e Samanta está sentada, chorando na porta do quarto, Sara se abaixa, e pergunta se tudo está bem, Samanta responde:
- Sara, você é como seus sonhos, tão luz como sombras, explore-os conosco.
Sara logo vê Sabrina subindo as escadas, estendendo as mãos em direção delas, e atrás de sua irmã, a casa se torna um breu, muito escura, toda a escuridão envolvendo e devorando a casa. As três entram correndo no quarto, e pulam pela janela, em direção às estrelas, o céu e à lua. Silencio, Sara e suas irmãs voando por eles. Sem palavras, sem sons, dor ou duvidas, nem mesmo o tempo poderia naquele instante passar por elas, sentindo-se livres. Nenhuma voz, nem musica, ali ela queria ficar para sempre. Então as estrelas principiaram a apagar-se, e a lua a minguar até não sobrar mais nada. Sara olhou para sua mão esquerda, e viu que não segurava mais nada, e ao olhar para trás, assistiu sua irmãzinha caindo por um feixe de luz, dizendo:
-Dúvida, eu sou a sua mais profunda dúvida, sou tudo aquilo que você tenta esconder!
E ao olhar para a sua mão direita, se deparou com a mesma suja de sangue, e uma faca nela, olhando para a faca, notou seu reflexo e uma voz soou estrondosamente:
-Ódio, eu sou o seu mais profundo ódio, sou seu espelho, seu temor!
Tudo parado, tudo preto, nada alem de Sara flutuando, até um feixe de luz azulada que parecia tão distante e tão cheio de esperança. Tentar acordar não a levara a nada, por varias vezes havia se beliscado e nada funcionou. Então suas lembranças estavam perturbando-a, a casa, as cenas que vira, o suicídio da mãe, quando ela parou num jardim, cercada por flores que agarravam seus pés e árvores com maldade em suas expressões e formas, dizendo: “Energizada por visões noturnas, você é o sonho, o sonho é você...”
Caminhando com dificuldades, Sara adentrou uma portinhola no jardim sentou-se na mesinha onde a cadeira atrás da mesa encontrava-se virada para a janela, e alguém ali estava admirando o luar entrando pelo vitral colorido, virando-se lentamente, e olhando maleficamente para Sara, com sua voz mais forte:
- Agora encare isso, você sabe que eu estou certa! Não tem razões para você se ressentir comigo e lutar, você é eu e eu sou você! Sou o outro lado da verdade sonolenta!
Sara com o coração na garganta e já cansada de tanto correr e ouvir aquelas ideias sem lógica chorou dizendo:
- Por favor, deixe ir, como posso descansar com você aqui? Deixa-me em paz, estou muito cansada de suas teorias estranhas, deixe-me ir!
Olhando com os olhos semicerrados, a garota loira adquiriu longos cabelos ruivos, e os traços de Sara, e disse:
- Sairei, mas não deixarei você sair, pois sou parte daquilo que você um dia ainda fará, eu vou te ajudar, abrirei as portas no seu caminho e mostrarei tudo àquilo que você precisa saber, pois sou seu sonho esclarecedor...
Tudo embaçou novamente. Sara acorda lentamente com aparelhos ligados a ela, e médicos por todos os lados, correndo, ela não entendia nada do que estava ocorrendo ali, apenas sentia uma dor muito forte em seu abdômen, como se algo tivesse atravessado ela, havia muito sangue por todos os lados, ainda assim, ela saiu da mesa, e viu uma senhora sentada no sofá das visitas, com um sorriso no rosto e os olhos marejados. Sara olhou para trás, e notara que havia um corpo de uma garota ruiva, branco como a neve e suas roupas estavam sujas de sangue, e uma tora de madeira cravada em seu peito.
Assustada, Sara olhou novamente para a senhora, que lhe estendeu a mão, e disse:
-Venha, minha filha.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Queria poder dizer que tudo passou, e nada de ti em mim restou, mas estaria sendo mentiroso e caindo em um placebo do sempre estive, pensando sentir algo de novo. Mas não, a cada dia a marca de saudades de ti fica cada vez mais forte em mim, para tudo tem que haver um fim.
 Me pego envolto do desespero, e clamando por desapego. Não penso e outra coisa, não respiro mais nada e estou afundado nas minhas lamurias. queria enterrar tudo isso na mais densa floresta, onde os passaros cantam para o sol que está nascendo... Mate-me, suprima todas as lembranças que tivemos, e que compartilhamos, ou que apenas eu compartilho comigo mesmo nesse momento. Faça as minhas algemas me sufcarem e arranarem-me a vida que flui pelo meu corpo desenhado e rabiscado com essas palavras, não se demore em fazer isso, venha logo, bata sobre mim com sua lamina curva e leve-me nos seus braços finos e sua capa escura, deixe-me ver seu rosto e não temer, anjo negro, deixe-me beijar-te, sentir o gosto podre que sai de sua boca e me enebriar da dor que já levou o meu Fantasma para o seu ventre. Deixe meu corpo fluir pelo rio frio que guia pela agonia eternal daqueles que ficaram.
 A dor é tão grande que pensar em outras coisas fica dificil demais, ainda mais para um poeta, que está morrendo.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Se estende sobre minha cabeça o véu negro da noite. Mais do que nunca penso em meu Forasteiro, tenho agora sua marca bem dolorida em minha pele. As palavras para ele ardem como chamas. Estou estendido sobre meu altar, com o sangue escorrendo pelos meu dedos, sim, cada gota cai no chão e me dói. Cada sorriso falso que lancei nos ultimos meses me doem e quase me cegam diante da falta que você me faz.
 Tenho a vontade de invadir o que jamais deve ser invadido, é uma divisão dentro de mim mesmo. Jamais quero passar por isso novamente: amar-te e ao mesmo tempo odiar-te, esse ultimo está sendo impossivel para mim, sou tolo, conforme sangro, novas partes a respeito de ti são rasgadas na minha pele, e eu quero demais que isso cesse, no entanto, endureceste vosso coração para com minha pessoa.
 Estou acorrentado, sim, correntes em meus braços: a dor e a agonia de não ser teu me puxam e a alegria de viver sem ti competem nesse jogo de força. Doloroso e andar pelas mesmas ruas que andamos, e dia após dia lembrar a promessa que jamais foi cumprida: "Isso significa que gostei de ti e que voltarei" Promessa que jamais será paga e que jamais deleitarei novamente. Dizes tanto que me quer bem, mas se o bem que eu desejo não me deseja? Prefiria nesse momento morrer a sentir a dor que sinto.
 As minhas feridas em forma de letras estão inflamadas, choro de joelhos na chuva por um retorno, me sacrifico para te deixar de lado, no entanto, quanto mais isso eu faço, maior fica a inflamação, atingindo meus ossos e causando uma dor infinita. Meus sorrisos vazios para o mundo exterior, mas estou infinitamente quebrado por dentro. O silencio se tornou meu amigo, minhas lagrimas viraram meu refugio e meus poemas transformaram-se na mais amarga das emoções que um homem pode viver. Já não sinto meu ser viver, apenas rastejar pelos cantos contando os dias em que sua sentença será aplicada.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dor.

O forasteiro, que me faz a alma sangrar e ferver pelo coração que um dia tive.... Se ao menos eu sobresse o que queres de mim... Estou a sangrar, nem mesmo os anjos suportam minha lamuria. Chove lá fora, meus sonhos estão encharcados e totalmente vazios...
 Se realmente quer algo comigo, por favor, mostre-me, senão, desapareça... A unica coisa que me traz à alma é dor. Não quero pertencer a essa escuridão e confusão eterna que tornaste minha amaldiçoada vida. Os poemas em meu corpor ardem só de pensar e pronunciar no teu nome. Venha, abra meu peito e coloque de volta o que uma vez bombeou sangue para meu corpo... Aquilo que sofreu ao lado do fantasma... Me faça completo novamente. Estou vazio... Estou sozinho... E assim permanecerei por um longo tempo, contra a minha vontade.
 La fora chove sangue, o mesmo sangue que eu derramo todas as noites quando penso em ti, e o mesmo sangue que pinta a minha pele com meu melancolico cantar. O sangue que sai do meu pulso cortado, o sangue que sai dos meus olhos no lugar das lagrimas. Queres ser tão certo diante dos olhos daquele que chamas de Deus, mas não quer aceitar o quanto me fizeste sofrer... Preferiria morrer a ter que passar por isso. Devolva-me meu coração ou arranque-me a vida.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sadness\Emptiness

 Sentado à beira da janela vejo os fogos iluminando os céus, caindo como cascatas e fazendo o barulho ensurdecedor dos meus pensamentos serem comparados a uma sinfonia. Me vejo sufocado, vendo as pessoas aos pares felizes. Lembrar que já fui feliz assim, por uma semana.
 O forasteiro mantem contato e isso está me rasgando ao meio, tenho medo de suas ações e das suas consequencias. Queria apenas não estar mais vivo diante desses acontecimentos que me servem apenas como a cicatriz após um longo ferimento. O forasteiro me diz que endureceu o seu coração, e que eu acabei por abandoná-lo por dois meses... Como podes ser tão egoista? Roubaste meu coração, endureceste o teu e eu o abandonei?
 Lanço sobre mim as cinzas... Não tenho motivos para comemorar a minha inutil existencia por mais este longo ano, não tenho razão para me alegrar diante de tanta falta de esperança e ausencia de cores reais nos meus quentes e conflitantes dias.
 Já faz tempo, mas a sua amrca está ainda aqui, eu poderia seguir a vida normalmente, mas não o fiz, ela parou assim como o meu mundo e minha imaginação. Não tenho mais olhos nem cabeça para outro. Os cenarios lindos estão pintados de sangue.