segunda-feira, 14 de novembro de 2011

 Velas queimando sobre a bancada na qual costumo imaginar, inventar e muito provavelmente esboço parte da minha pacata vida. Sou um Poeta movido pelo fogo de escrever em seus momentos de sentimentos intensos. O Forasteiro me visitou na última noite, mas nada quis eu da parte dele, pois eu sei que é um simples escapismo da parte de minha mente. Não consigo crer que apesar de já ter feito uma quinzena de dias que me iludi, eu ainda não ter me esquecido daquele par de olhos brilhantes, sorriso torto e palavras carregadas de mentiras...

 Lembro-me dele lentamente abrindo o meu peito e roubando o meu coração para fora dele. Uma vela se apagou com o vento que sopra para dentro de minha torre. A chuva parou, e só resta o cheiro de terra molhada lá fora. Passam-se dias, e estou aqui na torre, agora ela faz parte de mim. Não chamaria isso de zona de comodismo, pois não há nada de cômodo para mim ficar aqui martelando esses sentimentos de dor, pesar e carência, no entanto, é tudo o que posso fazer.

 A definição de amizade por essas terras é muito confusa... Dizem ser alguém que gosta de você, e te ajuda e possivelmente tenha gostos iguais aos seus. O Poeta deu bailes e banquetes para os seus, e no momento em que ele mais necessitou, todos esvaziaram suas mãos e sumiram. Não consigo mais me atrair aos residentes dessa terra, visto sua cultura ser pobre, com exceção de alguns poucos, mas que não moram nesse solo, ou se moram, ainda assim, estão distantes por seus compromissos.

 Gostaria de poder dizer que hoje levantei de meu altar com ânimo e com muita vontade de superar essa vida de vazio emocional e que todas as minhas dores passaram, mas esse é apenas mais um dia, um dia que todos pensam que estou louco, ou estou num delírio dramático e até mesmo sendo sensível demais. Gostaria de estar o mais longe possível desse mundo que criei para mim, do meu escapismo, mas é nele onde encontro meu fantasma e tenho placebos de um passado que já existiu.

 Os meus olhos apenas refletem o brilho das chamas das velas, meu ouvido apenas capta o som de corais infantís misto ao de adultos da sifonia que cerca minha mente, posso estar escrevendo essas palavras, e elas estão fazendo parte do meu ser, cada pedaço meu está se enchendo dessas palavras tristes como uma tatuagem que cobre todo o meu corpo, estou sentindo cheiro de cada vela se queimando e desejando apenas ser como a parafina que se derrete com a queima...

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